Os Tugues eram uma seita que foi criada no século XIII, e faziam parte de sua irmandade mulçumanos e hindus. Era uma seita que cultuava Kali, a Mãe Negra hindu, que é uma deusa que cortou ao meio com sua espada um demônio que comia carne humana. Kali descobriu que para cada uma das gotas de sangue desse demônio, outro se criava. Assim Kali utilizou-se de seu próprio suor para criar dois guerreiros, dando a cada um como arma uma tira de pano, chamada Rumal que era utilizado para estrangular suas vítimas. Ao dar fim à horda de demônios, Kali determina a seus guerreiros que continuassem matando de geração em geração. Os guerreiros tugues tinham como missão esmagar o mal, podendo saquear suas vítimas, o que lhes daria recursos.
Os tugues eram também renomados artesões quando não estavam a serviço da seita. A seita os fazia ir a lugares distantes de suas aldeias, onde, em bandos que variavam de 10 a 50 componentes atraiam suas vítimas para a morte como sua missão sagrada. A simbologia da palavra tugue vem do sânscrito que significa enganador. Uma de suas estratégias consistia em acompanhar grupos de mercadores ou peregrinos e, quando surgia a oportunidade, cometiam os assassinatos, aproximando-se por trás das vítimas e as enforcavam com seus rumales enquanto pronunciavam preces à Deusa Kali. Como em toda seita, antes de qualquer expedição era feito um ritual onde se sacrificava um carneiro diante de uma imagem da Deusa Kali, coberta de sangue e flores. Ao lado do altar ficavam as ferramentas utilizadas, como facas, cordas e picaretas. A faca era utilizada na mutilação ritual dos cadáveres de suas vítimas.
A mutilação tinha dois propósitos específicos. Primeiramente supunha-se que a carnificina agradasse à Deusa Kali. E isso dificultava a identificação das vítimas. Os tugues atacavam todos os viajantes, exceto as mulheres, os homens santos, alguns artesãos, músicos e poetas que eram protegidos pela Deusa. Leprosos e aleijados também eram imunes a seus ataques por medo de contaminação. As crianças, filhos de suas vítimas, eram adotados pelos tugues que iniciavam os meninos na seita, ensinando sua língua e seus sinais secretos. Os ritos iniciáticos dos tugues tinham a dignidade que os matadores julgavam ser apropriada para sua missão santa. Banhado e vestido com roupas novas, o jovem iniciando recebia sua picareta sagrada, que ele erguia para o alto coberta por um lençol branco, que representava o rumal. Depois ele comia a comida sagrada, um açúcar grosseiro, enquanto seus companheiros solicitavam a Káli um sinal de aprovação. Acabado o rito, o jovem tornava-se um verdadeiro tugue. Com sorte ele ascenderia dos deveres do aprendiz – procurar vítimas, ajudar a imobilizá-las e cavar seus túmulos – para o posto de assassino de fato. As iniciações tugues eram solenes, mas alegres; nada dava a um pai tugue maior motivo de orgulho do que ver o filho seguir seus passos sangrentos.
Estima-se que mais de um milhão de vítimas tenha perecido nas mãos dos tugues antes que os governantes ingleses da Índia acabassem com a seita. O último tugue conhecido foi enforcado em 1882. Kali, uma das mais importantes divindades da mitologia na Índia, era conhecida, entre outras características, pela sua sede de sangue. Kali apareceu pela primeira vez nos escritos indianos por volta do século VI em invocações pedindo sua ajuda nas guerras. Nesses primeiros textos foi descrita como tendo presas, usando uma guirlanda de cadáveres e morando no local de cremações. Diversos séculos mais tarde, no Bhagavat-purana, ela e seus seguidores, os dakinis, avançaram sobre um bando de ladrões, decapitaram, embebedaram-se em seu sangue e divertiram-se num jogo de atirar suas cabeças de um lado para outro. Outros escritos registraram que seus templos deveriam ser construídos longe das vilas e perto dos locais de cremação.
Kali fez sua aparição mais famosa no Devi-mahatmya, onde se juntou à deusa Durga para lutar contra o espírito demoníaco Raktabija, que tinha a habilidade de se reproduzir com cada gota de sangue derramado; assim, ao lutar com ele, Durga se viu sobrepujada pelos clones de Raktabija. Kali resgatou Durga ao vampirizar Raktabija e ao comer suas duplicatas. Kali foi vista por alguns como o aspecto irado de Durga. Kali também apareceu como uma consorte do deus Siva. Engajaram-se numa dança feroz. Pictoricamente, Kali geralmente era vista sobre o corpo inclinado de Siva numa posição dominante enquanto se engajavam em relações sexuais. Kali tinha um relacionamento ambíguo com o mundo. Por um lado destruía os espíritos malignos e se estabelecia a ordem. Entretanto também servia como representante das forças que ameaçavam a ordem social e a estabilidade por sua embriaguez de sangue e subsequente atividade frenética.
Algumas Sociedades Secretas