O que é um(a) bruxo(a)?
São pessoas comuns, que buscam viver com princípios ditos pagãos e onde adotam o assim chamado extraordinário como parte integrante de suas vidas. São pessoas que optaram por ter uma crença diferente, que reverenciam a natureza e os elementos e não tem medo de se assumirem como são e nem vergonha de serem o que são. Ainda hoje as pessoas temem e sentem uma certa restrição quando se fala sobre Bruxaria, pois desvirtualizam seu real sentido levando para um lado “negro” inexistente dentro da Wicca, o seu verdadeiro significado elas desconhecem.
A Natureza é o templo da Bruxa(o), e este templo é utilizado para se praticar o grande culto à Deusa, representada pela Lua. As Bruxas(os) adoram a Vida e o Amor às coisas vivas. Ser Bruxa(o) é ser ou reconhecer seu lado feminino, é reconciliar o masculino e o feminino, é encontrar a verdadeira essência que está dentro de nós. Aceitar o Deus e a Deusa em seu coração, é acreditar, respeitar, amar a Natureza, perdoar e, acima de tudo, amar.
A Bruxa Solitária
Trabalhar só. Essa é meta da Bruxa solitária. Em alguns casos, ao praticar um Ritual pode utilizar um(a) parceiro(a). Trabalhar só, em alguns momentos, tem suas vantagens, pois por serem literalmente ecléticas, podem utilizar qualquer tradição, ou ainda de partes de várias das tradições existentes. Como está só, em um Ritual ou Celebração ele(a) tem que fazer as vezes de Sacerdotisa e Sacerdote, fazer as invocações e executar todos os passos necessários para o bom andamento do fim proposto. A montagem do Altar, os materiais a serem utilizados, a vestimenta, ou seja, toda a estrutura do exercício da Magia fica a seu critério.
Mas existe o outro lado. A Bruxa solitária não tem com quem dividir seu conhecimento nem a ajuda de outras pessoas na realização de seus Rituais. A busca de informações torna-se, às vezes, por demais difícil. As dúvidas se tornam frequentes no que se refere à parte ritualística. Tem que desempenhar todos os papéis de um Coven completo. Isso não quer dizer que se você optar por ser um(a) Bruxo(a) solitário(a), futuramente não possa fazer parte de um Coven, ou mesmo criar um.
As Bruxas
“Uma bruxa é o fruto do amor entre a Terra e a Lua”
Margaret Andreas
Descobrimo-nos bruxas quando conseguimos nos perceber enquanto mulher. De nada adianta querer ser feiticeira se não se conhece o segredo do feminino. É necessário primeiro o reconhecimento da fêmea que trazemos dentro de nós, essa parceira desconhecida que nos acompanha desde o nosso nascimento. Uma parceira silenciosa, que aponta a cada instante o caminho da sensibilidade. Costumamos, entretanto, estar tão ocupadas com nosso universo cotidiano, que nem ouvimos sua voz doce e suave. Para nos descobrirmos mulheres é preciso aguçar os sentidos e, assim poder vivenciar plenamente as experiências. Isso poderá, a princípio, parecer complicado, mas, iniciando com pequenas tentativas, constataremos estar cada dia mais perceptivas. Experimente, ao tomar banho, explorar seu corpo suavemente. Sinta cada dobra de pele, cada osso, do mais saliente ao mais escondido. Deixe que a água percorra seu corpo. Não tenha medo de sentir prazer e, ao sair do banheiro, você experimentará extraordinária leveza interior.
Quando começamos a nos descobrir mulheres, um novo mundo se descortina à nossa volta. Ficamos muito mais susceptíveis e, por consequência, muito mais completas. Claro que essa sensibilidade trará, inicialmente, alguns contratempos com o universo masculino, pois seremos, então, donas absolutas do nosso prazer, o que é um tanto complicado de ser entendido pelos homens. Mas será exatamente essa posse do prazer que nos permitirá ajudar nossos parceiros na captura de sua sensibilidade própria. O universo feminino foi por séculos sufocado por uma sociedade fálica, onde predominou a linguagem do poder. Nesse discurso, não encontramos em momento algum a doçura da transcendência. Tudo fica estabelecido num sistema quadrado, composto por retas e inibidor de curvas. Voltas sinuosas que nos indicam sempre o caminho da profundidade. A própria púbis é traçada por dois montículos que, delicadamente, se vão estreitando até a espiral da vagina.
Nesse mundo de retas, sempre voltadas para fora qual grandes lanças, a espiral feminina ficou espremida, sufocada a tal ponto, que se cobriu de uma casca espessa que não deixa a mulher se perceber. Ao próprio homem, esse pensamento retilíneo trouxe tal rigidez, que o afastou melancolicamente de sua parceira, deixando-o irremediavelmente solitário e, por sua vez, também oprimido. Cabe a nós, mulheres restituir as curvas para melhor conviver com nossos parceiros. Só assim poderemos dançar juntos pelos campos onde outrora celebrávamos, também em parceria, a colheita. E você experimentará o maravilhoso de, sentando-se na grama sentir o pulsar alegre que ela emana, o sublime ato de, ao tocar suavemente as asas de uma borboleta, perceber nos dedos o seu cumprimento delicado. Restabelecida essa ligação, veremos que somos parte de um maravilhoso sistema encantado e não mais sentiremos medos e angústias, pois estaremos pulsando num mesmo compasso.
O grande erro do ser humano foi acreditar-se o único ser inteligente em meio à natureza, tornando-se, assim, um espécime solitário e infeliz. Quando digo ser humano, estou me referindo à civilização dita humanizada, pois não encontraremos essa infelicidade nos ditos primitivos. Esses povos possuem a profunda sabedoria da natureza, sendo, por isso, incrivelmente felizes! Uma bruxa poderia ser considerada, pelo homem civilizado, alguém essencialmente primitivo, alguém que não presta atenção ao serviço de meteorologia, uma vez que é profunda conhecedora dos movimentos do tempo.
Texto extraído do livro “Revelações de uma Bruxa” de Márcia Frazão.
Os Bruxos e a Religião
A Bruxaria nos mostra que a Magia encontra-se adormecida dentro de cada um de nós. Pelo modo que fomos criados, seguindo um preceito religioso que suprime de forma categórica a Arte, a Magia foi reprimida em nossa vida. A Bruxaria nos ajuda a acordar, desenvolver e ampliar essa energia, nos ajuda a criar uma atmosfera onde esse poder latente se manifeste em toda sua força. A Wicca é tão antiga quanto o mundo, e, seguindo a evolução natural do ser humano, vem também sendo modernizada e adaptada à realidade atual.
As pessoas que praticam a Bruxaria são das mais variadas idades, posição social, raça ou sexo. O que os une é ser a Wicca uma Religião que busca um reencontro consigo mesmo e uma harmonia maior com a Terra e as manifestações da própria Natureza. A característica mais marcante dos Wiccanos é o Amor dedicado à Vida e à Natureza. A busca de um caminho que nos leva à harmonia e equilíbrio, tanto no que se refere ao seu próprio interior quanto à Natureza. A alegria e a satisfação de viver são as bases da Bruxaria, pois ela é uma Religião de amor e prazer que permite a cada um manifestar sua individualidade como realmente é sentida, e trabalha e encoraja uma maior responsabilidade social e ambiental.
Não há a crença do no que diz respeito ao dualismo de opostos absolutos, do “bem contra o mal”. Todas as coisas existentes têm o seu próprio lugar e funções. Devemos buscar a harmonia entre todas as coisas. A reencarnação e a vida após a morte fazem parte da filosofia da Bruxaria mas deixa a cada Bruxo a sua crença, pois a Wicca não tem dogmas ou regras as quais todos devem seguir.
Os Deuses devem ser cultuados à maneira peculiar de cada um de seus integrantes. Não existem leis nem uma maneira predeterminada para se realizar Rituais, etc. O que existe em termo de lei é a chamada Lei Tríplice, onde afirma que tudo o que fizer será devolvido triplicado para você mesmo.
Dentro de uma família de Bruxos os filhos devem ser ensinados a viver com honra, integridade, honestidade, tratar a Natureza com carinho e Amar a Vida. Deve-se deixar aberto seus caminhos para seguir a crença que desejarem futuramente, sem imposições que possam tolher sua liberdade. Os Bruxos não divulgam sua Religião porta a porta, pois são discretos e acreditam que quando o chamado se dá, a busca de novos caminhos conduzirá os que já estiverem ou se sentirem prontos.
A Wicca cresce, e isso se dá em todo o mundo, pois estamos em uma época onde todos buscam algo em que acreditar, e que traga a seu íntimo uma realização como ser humano, um senso de liberdade não encontrada em outras religiões. Muito se fala hoje em dia sobre a preservação da Natureza, do Amor aos animais, mas o que vemos são nossas florestas serem desmatadas para “abrir espaço para o progresso” e as pessoas que praticam outras religiões, quando não apóiam esse pensamento, simplesmente se omitem ou não tomam nenhum tipo de providência para resolver. E a Wicca busca, sem radicalismos, conservar a Natureza para que nossos filhos e netos saibam o que é uma árvore ou um animal, sem ser através de fotografias.
Mulher, o caminho mágico
As pessoas deveriam se perguntar: Porque existe o machismo? Do que os homens tinham tanto medo para subjugar a mulher por tanto tempo? Por que mantê-las ignorantes? Qual o papel da religião dos séculos passados nisso? Quem comandava essas religiões? Algumas das respostas retiradas do livro: “O poder da Bruxa “- Laurie Cabot.
….. “De acordo com algumas tradições, Merlin aprendeu suas artes com a Deusa, disfarçada de Dama do lago, ou Viviane (Aquela que vive). Como Morgana, a Fada, ela foi convertida numa feiticeira perversa por autores cristãos, na esperança de desacreditar a crença céltica em Merlin…. Os principais sacerdotes e sacerdotisas dos celtas eram os druidas. A palavra druida é derivada do grego dryad, um espírito da natureza ou ninfa do carvalho. O termo era também aplicado as sacerdotisas de Ártemis e a Deusa da Lua das Amazonas…. As sacerdotisas druidas da Grã-Bretanha estavam divididas em três classes. A classe mais alta vivia em regime de celibato em conventos. Essas irmandades alimentavam as fogueiras sagradas da Deusa e foram assimiladas na era cristã como monjas. As outras duas classes podiam casar e viver nos templos ou com seus maridos e famílias.
Eram servas e acolitas nos ritos sagrados da Deusa. Com o advento do cristianismo, foram chamadas de Bruxas….. Os Deuses solares tornaram-se os heróis e as Deusas da Terra e da Lua passaram a ser as vilãs, e muitas das velhas histórias foram rescritas e revistas para refletir essa mudança de consciência. Em muitas delas a Deusa, ou o poder feminino, é identificada como uma serpente ou um dragão….Essas histórias persistiram mesmo em tempos cristãos, onde encontramos São Jorge matando o dragão na Inglaterra e São Patrício expulsando as serpentes da Irlanda…. A mitologia sacra começou refletindo um dualismo que era provavelmente desconhecido em tempos neolíticos ou estava certamente relegado para um papel secundário no esquema das coisas. Sol e Céu opostos à terra e à Lua, a Luz oposta às Trevas, A vida oposta à Morte, o Masculino oposto ao Feminino. Antes todas as coisas eram parte da Grande Mãe…. Não era uma questão de Bem contra o Mal. Cada coisa tinha aspectos positivos e negativos, todos eles ingredientes necessários na Grande Roda da Vida Criada….”
Outra fase surpreendente do ensinamento das bruxas está descrito:
” Em alguns dos livros das escrituras judaico-cristãs que foram arbitrariamente rejeitadas do cânone oficial. Adão admite que Eva lhe é superior: “Ela ensinou-me a palavra do saber”. Num texto gnóstico, Eva é a Mãe de Todos os Viventes e foi quem criou realmente Jeová. Lê-se: “Ele desconhecia até sua própria Mãe…. Por ser tolo e ignorante de sua Mãe é que ele disse: Eu sou Deus; não existe nenhum outro além de Mim.”. Em algumas versões, Eva repreende e pune Deus por Seu cruel tratamento dos seres humanos. Bárbara Walker, autora de The Woman’s Encyclopedia of Myths and Secrets, diz: “Um dos segredos mais bem guardados do cristianismo era que a Mãe de Todos os Viventes foi a Criadora que puniu Deus”. As Bruxas consideram interessante que o nome de Jeová seja formado pelas quatro letras hebraicas Yod-He-Vau-He. A primeira, Yod, significa “eu”, as três seguintes significam “vida” e “mulher”. A versão latina dessas três letras é E-V-E. Por outras palavras, o nome de Jeová é feminino e significa: “Eu sou mulher, eu sou a vida”. Hoje, um cântico popular entre Bruxas baseia-se nessas letras antigas:
“Io ! Evohe !”.